sexta-feira, 25 de março de 2016

Rumores

Ouço rumores quem vêm da muralha 
Mas eu confesso-me em desespero
Por não saber que a última mortalha
É de linho, ou pano cru em puro zelo

Há uma cancela semiaberta
Há um retoque na minha entrada 
Há um acto que me desperta
Há a última relíquia ali encontrada

Tomara ver uma só janela
Que me abrisse à luz que é tua
E me vestisse dos trajes de outrora

Quisera ver uma imensa estrela
Que me quisesse tão nua e sua
Que me levasse no tempo, sem hora

(Dolores Marques, Poemas de 2009)

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