terça-feira, 9 de julho de 2013

Ocasionalmente (o ocaso)



Parecia que estava para lá de tudo
Parecia mas não sabia ainda 
Como chegar lá

O horizonte a equilibrar-se nos seus olhos
E ele a encolher-se 
Sem saber como desenhar naquela tela
O infinito

Aquele emaranhado de cores
Eram agora um portal fechado
Uma mescla de tons sombreados
A caírem como quem cai 
Na terra molhada
E não sabe que o sopro da chuva
É a beleza matinal 
O orvalho de todas as madrugadas

Deixava-se seduzir pelas ameias
Que o prendiam ao passado
Queria tudo o que fosse para ele 
Ainda um canto na inércia dos dias

O sol chegou cedo mas nem assim
Conseguiu abrir os braços 
E deixou que o abraçasse
E lhe desse mais vida naquele lugar

Era o momento ideal para se saber vivo
Era aquele o caminho
O dormitório de todos os seus medos

E ele agora deitado sobre 
As tábuas velhas e podres
Fazia daquele pedaço de chão 
A sua razão
A sua condição
De homem enjeitado 
Numa tela esquecida no sobrado

1 comentário:

irene alves disse...

Mais um belíssimo poema seu.
Parabéns.
Bj.
Irene Alves