quarta-feira, 20 de março de 2013

Uma era da cor do sol


Eram dourados o céu e a terra
Era um olhar cor de bronze
Nascido numa era da cor do sol

Dos olhos saltavam faíscas
Tais pirilampos a cobrir a noite

Na boca nasciam rios
À semelhança de outras eras
Propícias à nova estação

No corpo germinavam
Novas sementes
De onde nasceriam novas flores

Nas mãos nasciam
Outras brisas ressequidas

Nas pontas dos dedos
Havia ventos ciclónicos
A separar os raios solares

Via-o sempre nos meus sonhos
Esguio o corpo, felinos os gestos
Olhos fixos no mesmo local
Onde me encontrou

Caminhava breve
Soluçava em prantos
Movia-se como se fosse
Nuvens de algodão

E assim se lembrou
Como as noites baixam
Nos meus olhos

E,  sendo livre o meu sonho
É-o na forma abstrata
De um pensamento
Quando tenta dar
Novas formas ao corpo
Nascido e criado no mesmo lugar

É agora a hora de mudar as cores
Que nascem nas quedas de água cristalina

Os olhos tombam
As mãos descaem
O corpo amolece
O olhar sucumbe

O pensamento quebrou-se
Nos momentos em que nada
Lhe pareceu igual à cor do céu

2 comentários:

Filipe Campos Melo disse...

decaímos na monocromia da dor
sempre escura
sempre densa
sempre noite

Há ainda memórias
Persistem ainda vontades

E o verso renasce?


Bjo.

irene alves disse...

Muito bonito mesmo.
Amiga desejo-lhe uma Feliz Páscoa.
Beijinho
Irene Alves