segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Porque


Porque pensar em dormir, se a chuva lá fora acabou de adormecer no silêncio das vozes todas que conheço?
Porque pensar em sair, se cá dentro acabou de nascer um arco-íris que vejo agora desenhado nas paredes?
Porque pensar em não pensar, se o pensamento é um caminho que me leva a tantos lugares onde a chuva cai?
Porque renascer nas vozes, se são carimbos acabados nas sobras de uma folha de papel
em branco?
Porque querer ser a verdade, se a verdade são utopias,  e folias em olhos vidrados na noite?
Porque não deixar em paz a flores que tentam crescer nos vasos pendurados nas janelas?
Porque remediar os pobres com as migalhas do almoço, quando há tantos sacos de comida às portas das igrejas?
Porque não deixar em paz, quem só quer estar na paz do seu desassossego?
Que todos os sossegos se reúnam nos céus onde se escrevem vidas e se deixam cair como pingos de chuva nos telhados das velhas casas....

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