terça-feira, 16 de março de 2010

Quisera Eu...(com Jomasipe)



(Tela, de Jomasipe)

Adicionar imagemRecolhe-me em teus braços, profundamente abençoado
Colhe meus cabelos molhados, segue o meu destino
Oculta-me as lágrimas em marés intensamente queimadas de chuva,
Une-te em laços fortes.

(Os ventos já não nos alcançam)

Quisera ter-te na lembrança que me orientou um dia
E me fez chegar perto do teu corpo; quente, casto, maduro, insano
Potenciando a minha clausura num silêncio oculto e imaculado
Induzido por um desejo aceso que é ter-te no fim de tudo

(Quisera eu, alongar-me nesta nossa loucura…)

Deambulo vadio pelas noites que se esfumam
No teu mar intenso
Quebra-me as asas, não me deixes voar
Sê una em mim, acalenta-te em meus braços

(Edifico-me em ti…porque te quero em mim)

E se eu fosse um momento, resguardado em teu corpo
Tomarias de assalto a minha vida
Seriamos um único ponto de onde nasce a única verdade
Que determina e segue a luz reflectora
De crenças remotas, terrenas e obscenas

(Transformo-me em pensamentos insanos
Ateio-me em fogos que ardem incensados sem pudor)


Alio-me a ti, mesclado em maresias de sabores agrestes
Tens-me aqui, espelhado em futuros lentos
Vem, abraça-me uma vez mais
Diz que um dia o meu coração não parará
Que os céus receberão minh´Alma, pura e leve.

(Quisera eu, que fosses o Universo prostrado a meus pés
E afastaria o véu que me cobre o peito nu)

Resquícios de fogo ardem agora nublados
Céus enchem-se de imensidões nocturnas
Saio para a noite e a madrugada teima em desflorar
Desvanecem-se de mim os medos na fugacidade de um momento
Atroz sentimento este…o de não poder estar contigo

(E ainda me dispo da noite
Quisera eu, ser todos os sorrisos e gastá-los na tua boca)

(Dueto com Joma Sipe)

sexta-feira, 5 de março de 2010

Rio Abaixo, Rio Acima (Dueto c/Saosinha))


(Foto Minha - Vistas da ponte Vasco da Gama)
*
Estendo o meu corpo
Neste leito de águas paradas
E Cuidadosamente m’ entrego
Nesta viagem rio abaixo
Mas há um momento parado
Na curva do meu olhar
*
E eu…

Se me dispusesse a ir rio acima
Seria num dia bom
Desafiando a corrente
Lenta e suavemente…
Mas, continuo esta viagem
E livremente doo-me
Às correntes imaginárias
Que s’ encaminham para ti

*
Mas é nas funduras
Deste leito morno
Que encontro as águas
Onde gosto de navegar
E há uma cidade
Que me contempla
Banhada em margens de silêncio
Vozes que se calam
Debaixo deste céu
Pincelado de línguas de fogo
*
E eu…

Fico vigilante de outras marés
Que s’ encontram já
No fundo dos mares
E há afluentes que me abraçam
E momentos que me perseguem
Mas é na unicidade das coisas
Que se aglutinam
Serena e calma(mente)
Mundos continuados
*
E sou brisa e ventania
Numa corrente em sobressaltos
Descida vertiginosa
Nas encostas das serranias
E sou sombra, luz desfocada
Nas águas da minha memória
Música, bailado, corpo ondulante
Nas saudades do futuro
E nas lembranças da minha historia.

*

E eu…

Sou um mero instante
Em águas profundas
Remoinhos de vento
Em efémeros momentos
Que se ramificam
E se cristalizam em nós
Num encontro, rio abaixo, rio acima
Nas correntes em desalinho
E nos gestos a dormência
De um único destino
*
Mas são estes silêncios
Cuidados nas distantes
Navegando em rios paralelos
Que se descobrem as palavras
E os rios desta vida
Num encontro uno
Da nascente até a foz.
*
Dueto com São Gonçalves

quarta-feira, 3 de março de 2010

Inferno dos Poetas

(Foto minha - Vistas da ponte Vasco da Gama)

I – Analogias

Abismo suspenso
Por um fio do pensamento
Viajante acordando o Uni(verso)
Renascimento constante
Mutação e desagregação
Fragmentos da ilusão

Caminhante sobre a terra
Esperando por um lírio branco
E que a rosa rubra
Se assemelhe a um vulcão
Incendiando os caminhos da razão
E que a loucura imergente
Cubra a metafísica
De uma subtil afluente
E se espalhe como lava corrente

Que os sonhos se propaguem como tições
Livres de guarnições
E que as letras que os acendem
Sejam comuns ao mundo dos vivos
Que vivendo enfrentam a dor
De saber como é morrer
E ajuizar por tudo o que o mundo criou
De tempos a tempos
(imagem google)

II – Sons vs Cor-relações

Em escala invertida
Há um silêncio agonizante
Em harpas falantes
Melodias e confrarias
Presas a um fio de luz
E nos lençóis bordados a ouro
Há labaredas de sonhos
Transcendendo o além

Poeta de mil sóis cantando a alma
Embevecida com um mundo novo
Que s’ encaminha para a morte
De todas as palavras
Que não quiserem ser
Um ser vivente
Emoldurando a vida

Saxofone aglutinando os sons
Em arruadas tristes
E nas memórias de um adufe
Abafa-se o som do vento
Que cobre as searas
Que morrem um pouco em cada dia
Sempre que lembram rostos com fome
Braços rasgados recebendo
Os frutos caídos no chão

*
Poema resposta ao deaafio poético:

terça-feira, 2 de março de 2010

A Quem Quiser Sonhar

( Foto de minha autoria)
*
Acariciar o teu rosto
E dizer-te do mundo
E do tempo em que fomos um
E todos na medida exacta
De um pensamento

Morrer um pouco em cada dia
Será transpor os muros
E visitar-te do lado de lá
E encontrar-me do lado de cá

Destituir o sono que me tem
Por não saber
Que há sonhos que nos esperam
E a outros como convém
A quem quiser sonhar
E encontrar-nos
Para se encontrarem também

Dedicado a Jomasipe, aqui
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=121988

segunda-feira, 1 de março de 2010

Roupagens (De JLL)

( Foto, minha - perfumes e perfumes)
*
Visto-me para o dia e com o cair da noite faço roupa velha.

O problema é o verão, os dias são enormes e muitas vezes a noite de tão pequena não me dá tempo para despir o que o dia vestiu.

Tenho pedras nos sapatos que nasceram dentro deles, e mesmo quando vejo pedras maiores nos outros, estas continuam por aqui a fazer lembrar o meu caminho.
*
José Luís Lopes, um poeta e amigo escreveu aqui:
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=121748