Prefiro-te um espaço aberto
ainda que na futilidade
de um verso
em cima
ou em baixo
com ou sem rima
tanto faz
Sabes que me apraz
ser-te fidedigna
ainda que na má sorte
até à minha morte
Prefiro-te clamor
....à estrutura mediática
trancada
nos labirintos de um corredor
sem fala
Prefiro-te um olhar inconsequente
...ao estrabismo
de um povo
que mata os poemas
nas vidraças ainda fechadas
Prefiro-te a escorreres-te
sobre a minha pele
tal ponta de um aparo
a clamar pelos ventos
contrários…
os de cima
e os debaixo do corpo da virgem
Prefiro-te crivo
da minha vontade
ainda com raízes verdes
deitadas nas eiras
Prefiro-te ao invés dos pensamentos
onde se afundam mares
com poemas ali enterrados
depois de estrangulados
pelas mãos do poeta
Prefiro-te um corpo castigado
pelo desejo de se masturbar
diante do céu...
em pontas
com as plantas dos pés
sobre os seus pecados
Dolores Marques
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