Lançamento de mais uma Obra de Dolores Marques, a escritora de Moção
“Simbioses Montemuranas” – o livro
(…) Dolores Marques, Mulher, mãe, avó, filha…amiga. Uma amiga de todos os dias, pois apesar de separadas por centenas de quilómetros, une-nos uma cumplicidade que se funde numa comunhão de muitos sentires. Quis o destino que ela viesse até mim, através de um postigo que em pouco tempo se tornou numa janela aberta à vida. Às nossas vidas!
Dolores Marques fez a sua caminhada no sentido inverso da terra que a viu nascer: A aldeia de Moção! Outrora, esta localidade viveu tempos áureos. Hoje, distante da história, tranca-se em pedras de xisto onde habitam memórias e segredos coroados de reis e rainhas. Uma aldeia que no início da nacionalidade, foi vila e sede de concelho, afundou-se nos sonhos enterrados em ruínas ancestrais.
Tantas memórias rezam aquelas pedras onde tempestades se refugiam algures no meio de nada. Mas, Dolores Marques possui uma força interior que a empurra ao subir montanhas e atravessar vales. É verdade que a vida não é um mar de rosas, mas enquanto peregrinamos neste mundo, devemos fazer o possível para cultivar essas rosas. E… Dolores tem o condão de cultivar rosas nos espinhos que sangram no calvário da vida.
Nenhuma barreira é intransponível , se estivermos dispostos a lutar contra ela. Dolores Marques lutou. Lutou com fé na sua caminhada. Refugiou-se, talvez, nos montes sozinha, para se esconder dela própria. Bebeu, de certo, os soluços que a libertavam dos molhos que a perturbavam. Nas colinas varridas pelo vento, viu o sol tornar-se neblina nas cinzas das horas…Mas, também viu os dias com o brilho das esmeraldas nas nascentes das fontes. Agarrada a esse brilho, Dolores ganhou raízes na sua cidade, relembrando a serra, pensando na casa onde cresceu, nas árvores que trepava, nas poeiras que na mente escrevia, nas águas do Paiva onde se banhava…
A saudade leva-a de volta àquele chão, várias vezes por ano. Precisa relembrar os seus tempos de infância. Precisa comer fruta arrancada das árvores, ouvir o uivo dos ventos, esconder-se nos milheirais, olhar o doirado das espigas, deixar-se embalar com o cântico dos melros, amar os animais do campo e as aves do céu, segredar pensamentos a heróis e heroínas esculpidos nos altares de pedra onde o invisível fala…
Dolores é uma vencedora. Depressa sepultou o inconformismo que trazia na bagagem feita de cartão na correnteza do Tejo. Arregaçou as mangas e lutando com as armas do seu trono singrou na vida com determinação e mérito!
Mulher coragem. Mulher determinada. Sensível, afável, justa, amiga… Mulher que continua a acordar na sua cidade com o uivo dos ventos que ao longo da vida a irá acompanhar sempre, esteja ele onde estiver: quer seja, abraçando a sua serra e o seu rio Paiva, quer seja, perdendo-se nas águas do rio Tejo…
Dolores sabe que há uma razão que nos chama à vida, que para além do visível é preciso acreditar…E ela acredita nas madrugadas pintadas de musgo e na magia das canadas estreitas que ela tem que trilhar. Acredita num Ser Invisível que a ouve em silêncio…num lugar qualquer… em qualquer ponto…que brilha no Infinito…
Amanhã será outro dia e mesmo que as folhas ameacem cair dos montes, Dolores irá prosseguir , escrevendo numa folha de papel a continuação da história da sua vida. Ela a personagem principal, que sabe, que o futuro pertence a todos aqueles que crêem na força dos seus sonhos…
Obrigada, Dolores! Obrigada, pela Mulher, Mãe, Avó , Amiga que és! Que o elástico que te suporta te mantenha sempre em equilíbrio. É o meu ardente desejo.
Por Celeste Almeida
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