Ouço rumores quem vêm da muralha
Mas eu confesso-me em desespero
Por não saber que a última mortalha
É de linho, ou pano cru em puro zelo
Há uma cancela semiaberta
Há um retoque na minha entrada
Há um acto que me desperta
Há a última relíquia ali encontrada
Tomara ver uma só janela
Que me abrisse à luz que é tua
E me vestisse dos trajes de outrora
Quisera ver uma imensa estrela
Que me quisesse tão nua e sua
Que me levasse no tempo, sem hora
(Dolores Marques, Poemas de 2009)
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