Não sei se a melhor carta de amor será a única via possível para fomentar o encontro amoroso que já existe em nós. No entanto, meu amor, eu escrevo por nós e para nós.
Sei que esse encontro se dá da forma mais habitual; o ritmo dos dias, a cobrança das noites, a fuga para lugares distantes, na espera do mediático olhar que te trouxe a mim. Esse, é um olhar manso, do qual recebo um pouco de tudo o que já medrou nos nossos corpos enlaçados.
Vê como se transforma a vida na sua mais recente aquisição: Nós!
Vê como se dilatam as noites, que enquanto acordados, vemos um mundo a arquitectar novas formas; umas obscuras, outras claras, outras dissidentes, outras resistentes e outras ainda, a finarem-se em cada poro da nossa pele.
Vê como se aglutinam os dias e as horas que passamos longe, quando as distâncias são um desejo a crescer, profanando os vultos nascidos no nosso olhar.
Sei de um tempo de cansaços e de esperas. Sei também, de naturais momentos em que nos cingimos e fomos um na espera do tempo que nos unisse e nos fizesse ser um só corpo, uma só alma, um só desejo a crescer nos nossos corpos ainda quentes.
Mas as mãos meu amor, as mãos que são as tuas, são também as minhas; colocam no meu corpo sementeiras nobres, do tempo em que nada havia, a não ser a dádiva por todos os traços fidedignos ao destino.
Mas as mãos, meu amor, as mãos que são as tuas, são também as minhas;
a fomentar encontros, a igualar os gestos, a eternizar olhares, até que se acomodem nos bolsos e retirem deles, a irmandade prestes a nascer de novo, para que o amor se renove e se transforme para sempre em vida a crescer como um desejo profano.
Eu estou aqui e sou o teu desejo, a tua fome, a devoção na tua mão.
Esta, será a água benta dos nossos dias, a temperança das nossas noites, e tu meu amor, a renovação interna do meu querer Ser em ti.
Bem hajas por seres o Amor em Pessoa, a vida prestes a renascer no meu corpo.
De sempre e para Sempre, tua...
Dolores Marques
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