“Com que voz chorarei meu triste fado/que em tão dura paixão me sepultou/Que mor não seja a dor que me deixou/o tempo, de meu bem desenganado”
(Camões na voz de Amália)
Voz do Fado
Não se sabe se foi o destino
que no miradouro
se fez rogado
ou se Camões fez cair o pano
quando Amália cantava
ao som de um piano
Chorava a alma da cidade
a ensaiar nos muros
gritos frios e desalmados
afundados em lamentos
chorados…tornados vivos
nas correntes do Tejo
Abria-se o corpo da guitarra
em refrão zangado
encolerizado às portas da Sé
por quanto São Jorge
com o coração magoado
abraçava as colinas com fé
Ecos fundos
em tempos áureos
intemporais os imortais
canonizados
embarcações fortuitas
no cais de pedra
onde ainda se lê:
- Camões já foi nosso fado
Dolores Marques
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