ninguém me diz
que mundo é este
que tempestades
estão para chegar
quantos ventos
irão tardar
esta brisa
já não me toca
como dantes
no meu corpo
ainda à espera
da última viagem
estarei pronta
mas já não sei
onde ficaram
os meus olhos
nem mesmo
do seu último
sacramento
sei que se abriram
ao novo céu
que baixou à terra
consumindo tudo
até à última bolha de ar
lembro de muitas
noites acordada
mas não saciada
por esse silêncio
onde enterrei
alguns segredos
bem fundo
era esse lugar
nem sei como
cortar a corrente
ao mergulhar
e nadar nua
sem me sentir sua
é como
um rio parado
sufocado
até consumido
pelos ventos
que tardaram
mas chegaram
finalmente
ao centro
do epicentro
o ponto mais alto
onde me encontro
já ninguém me diz
como recuar
ninguém me fala
de outros mundos
de novos sonhos
agora tudo é
confusão
baralhação
desilusão
a continuação
do nada
o absurdo caiu
sobre a torre de babel
1 comentário:
Muito bom seu poema, parabéns.
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